Editora de Literatura ArtCulturalBrasil
Arapongas - Paraná
CAMÕES PARTE II
( Na medida do possível, de acordo com a nova ortografia)
“Aqui jaz Luís de Camões, Príncipe dos Poetas de seu tempo. Viveu pobre e miseravelmente, e assim morreu”
Camões viveu durante o auge de todo o império Português, o que contribuiu para o enaltecimento do povo Lusitano, utilizando o poeta para isso a sua habilidade nata e inigualável. Particularmente aprecio em Camões a sua personalidade poética, por esta ser de uma imensidade expendida, apesar de me recusar a enaltecer a sua personalidade humana, isto é, a sua vida boemia e despreocupada; mas por vezes é no seio de uma vida deplorável que nascem muitos genios. Além do seu retrato ao povo Português, dou um grande apreço as suas tentativas de enunciar o Amor, sentimento considerado bastante paradoxal pelo escritor.
Devo ressaltar que o meu primeiro contato com o autor aconteceu nos idos tempos da escola dita “normal”, visto que as atuais me parecem normais...
E, como não poderia deixar de ser, através da epopeia máxima! Os Lusíadas!
O poema se organiza tradicionalmente em cinco partes:
1. Proposição (Canto I, Estrofes 1 a 3)
Apresentação da matéria a ser cantada: os feitos dos navegadores portugueses, em especial os da esquadra de Vasco da Gama e a história do povo português.
2. Invocação (Canto I, Estrofes 4 e 5)
O poeta invoca o auxílio das musas do rio Tejo, as Tágides, que irão inspirá-lo na composição da obra.
3. Dedicatória (Canto I, Estrofes 6 a 18)
O poema é dedicado ao rei Dom Sebastião, visto como a esperança de propagação da fé católica e continuação das grandes conquistas portuguesas por todo o mundo.
4. Narração (Canto I, Estrofe 19 a Canto X, Estrofe 144)
A matéria do poema em si. A viagem de Vasco da Gama e as glórias da história heróica portuguesa.
5. Epílogo (Canto X, Estrofes 145 a 156)
Grande lamento do poeta, que reclama o fato de sua “voz rouca” não ser ouvida com mais atenção.
Uma epopeia é a narrativa dos feitos grandiosos de um indivíduo ou de um povo. Nesta definição encontramos os elementos essenciais de qualquer texto épico.
Enquadra-se no gênero narrativo - é sempre um relato de acontecimentos: o sujeito da enunciação assume-se como narrador e dispõe-se a fazer o relato de um acontecimento ou conjunto de acontecimentos a um determinado público; a dimensão e a natureza do público depende do assunto objeto do relato, presumindo-se que será sempre constituído pelas pessoas nele interessadas; se o assunto disser respeito a uma determinada comunidade o público será mais restrito; se o assunto tiver um interesse mais vasto, o público será mais alargado, podendo abranger potencialmente toda a humanidade.
O assunto deverá ter um caráter excepcional. Nem todas as ações são susceptíveis de serem tratadas de forma épica; é necessário que, no entendimento do narrador (e do seu público), essas ações se distanciem dos acontecimentos vulgares, assumam um caráter de excepcionalidade. Nas epopeias primitivas os feitos narrados são de caráter lendário, embora essas ficções tenham sempre um fundo histórico. Em algumas epopeias de imitação, no entanto, o assunto é histórico.
Os eventos exigem um agente e, tratando-se de eventos excepcionais, o agente deverá ser igualmente um ser de exceção, um ser que, pela sua origem, pelas suas características, se distancie, se imponha aos seus semelhantes (heroi), pouco importando que se trate de um indivíduo ou de uma coletividade (heroi individual ou heroi coletivo). Na Ilíada e na Odisseia, escritas no século VI a.C., o herói é individual: num caso, Aquiles; no outro, Ulisses. N' Os Lusíadas o herói é, como o título indica, coletivo - o povo português. Já na Eneida de Virgílio há uma certa ambiguidade: o herói parece ser individual, Eneias, mas na realidade o objetivo do poema é exaltar o povo romano.
Característica de todas as epopeias é a utilização de um estilo elevado, correspondente à grandiosidade do assunto, e que se traduz na seleção vocabular, na construção frásica extremamente elaborada e na abundante utilização de recursos estilísticos.
Estrutura externa
Os Lusíadas estão divididos em dez cantos, cada um deles com um número variável de estrofes, que, no total, somam 1102. Essas estrofes são todas oitavas de decassílabos heróicos, obedecendo ao esquema rimático "abababcc" (rimas cruzadas, nos seis primeiros versos, e emparelhadas, nos dois últimos).
Estrutura interna
Camões respeitou com bastante fidelidade a estrutura clássica da epopeia. N' Os Lusíadas são claramente identificáveis quatro partes.
Proposição - O poeta começa por declarar aquilo que se propõe fazer, indicando de forma sucinta o assunto da sua narrativa; propõe-se, afinal, tornar conhecidos os navegadores que tornaram possível o império português no oriente, os reis que promoveram a expansão da fé e do império, bem como todos aqueles que se tornam dignos de admiração pelos seus feitos.
Invocação - O poeta dirige-se às Tágides (ninfas do Tejo), para lhes pedir o estilo e eloquência necessários à execução da sua obra; um assunto tão grandioso exigia um estilo elevado, uma eloquência superior; daí a necessidade de solicitar o auxílio das entidades protetoras dos artistas.
Dedicatória - É a parte em que o poeta oferece a sua obra ao rei D. Sebastião. A dedicatória não fazia parte da estrutura das epopeias primitivas; trata-se de uma inovação posterior, que reflete o estatuto do artista, intelectualmente superior, mas social e economicamente dependente de um mecenas, um protetor.
Narração - Constitui o núcleo fundamental da epopeia. Aqui, o poeta procura concretizar aquilo que se propôs fazer na "proposição".
Estrutura da narração
A narração d' Os Lusíadas tem uma estrutura muito complexa, o que decorre dos objetivo que o poeta se propôs. Desenvolve-se em quatro planos diferentes, mas estreitamente articulados entre si.
Plano da viagem - A ação central do poema é a viagem de Vasco da Gama. Escrevendo mais de meio século depois, Luís de Camões tinha já o distanciamento suficiente para perceber a importância histórica desse acontecimento, devido às alterações que provocou, tanto em Portugal, como na Europa. Por essa razão considerou a primeira viagem marítima à Índia como o episódio mais significativo da história de Portugal.
No entanto, tratava-se de um acontecimento relativamente recente e historicamente documentado. Para manter a verossimilhança, o poeta estava obrigado a fazer um relato relativamente objetivo e potencialmente monótono, o que constituía um perigo fatal para o seu projeto épico. Daí que Camões tenha sentido a necessidade de introduzir um segundo nível narrativo.
Plano mitológico (conflito entre os deuses pagãos) - Camões imaginou um conflito entre os deuses pagãos: Baco opõe-se à chegada dos portugueses à Índia, pois receia que o seu prestígio seja colocado em segundo plano pela glória dos portugueses, enquanto Vênus, apoiada por Marte, os protege.
Parecerá estranho que Camões incluísse num poema destinado a exaltar um povo cristão os deuses pagãos, mas algumas razões permitem compreender essa atitude:
1) Como se vê, a simples narrativa da viagem seria algo monótona, tanto mais que Vasco da Gama e os seus marinheiros têm um caráter rígido, quase inumano: são determinados e inflexíveis, imunes às hesitações, à dúvida, às angústias. Não há ao nível da viagem qualquer conflito. Para introduzir o necessário dramatismo na narrativa, Camões teve que imaginar um conflito externo, o conflito entre Vênus e Baco.
2) Os poemas épicos renascentistas são epopeias de imitação e como tal sujeitas a regras estritas. Uma dessas regras impunha ao poeta a introdução de episódios maravilhosos, envolvendo quase sempre deuses da mitologia greco-latina, à semelhança do que acontecia nos poemas homéricos ou na Eneida.
3) Finalmente, o recurso aos deuses pagãos é mais uma forma de o poeta engrandecer os feitos dos portugueses. Nas suas intervenções, os deuses frequentemente referem-se-lhe de forma elogiosa. Além disso, o simples fato de a disputa entre os deuses ter como objeto os portugueses é já uma forma indireta de os exaltar.
Plano da História de Portugal - O objetivo de Camões era enaltecer o povo português e não apenas um ou alguns dos seus representantes mais ilustres. Não podia por isso limitar a matéria épica à viagem de Vasco da Gama. Tinha que introduzir na narrativa todas aquelas figuras e acontecimentos que, no seu conjunto, afirmavam o valor dos portugueses ao longo dos tempos. E assim o fez , recorrendo a duas narrativas secundárias, inseridas na narrativa da viagem, cujo narrador é o poeta.
1) Narrativa de Vasco da Gama ao rei de Melinde - Ao chegar a este porto indiano, o rei recebe-o e procura saber quem é ele e donde vem. Para lhe responder, Vasco da Gama localiza o reino de Portugal na Europa e conta-lhe a História de Portugal até ao reinado de D. Manuel. Ao chegar a este ponto, conta inclusivamente a sua própria viagem desde a saída de Lisboa até chegarem ao Oceano Índico, visto que a narrativa principal iniciara-se "in media res" , isto é quando a armada já se encontrava em frente às costas de Moçambique.
2) Narrativa de Paulo da Gama ao Catual - Mais tarde surge outra narrativa secundária. Em Calecut, uma personalidade hindu (Catual) visita o navio de Paulo da Gama, que se encontra enfeitado com bandeiras alusivas a figuras históricas portuguesas. O visitante pergunta-lhe o significado daquelas bandeiras, o que dá a Paulo da Gama o pretexto para narrar vários episódios da História de Portugal.
3) Profecias – Os acontecimentos posteriores à viagem de Vasco da Gama não podiam ser introduzidos na narrativa como fatos históricos. Para isso, Camões recorreu a profecias colocadas na boca de Júpiter, Adamastor e Thétis, principalmente.
Plano das considerações do poeta – Por vezes, normalmente em final de canto, a narração é interrompida para o poeta apresentar reflexões de caráter pessoal sobre assuntos diversos, a propósito dos fatos narrados.
Análise da Proposição
As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino , que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando;
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
...
Os Lusíadas (I, 1-3)
Como vimos, a finalidade da proposição, em qualquer ideia neoclássica, é a enunciação do assunto que o poeta se propõe tratar. Assim é, também, n’ Os Lusíadas: Camões está decidido a tornar conhecido em todo o mundo o valor do povo português (“ o peito ilustre lusitano “). E para isso estrutura a sua proposição em duas partes: nas duas estâncias iniciais, enuncia os herois que vai cantar; na segunda parte, constituída pela terceira estrofe, estabelece um confronto entre os portugueses e os grandes heróis da Antiguidade, afirmando a superioridade dos primeiros sobre os segundos.
Que o herói desta ideia é coletivo, é um fato incontestável. Quanto a isso, o próprio título é inequívoco: os “lusíadas” são, afinal, os portugueses – todos, não apenas os passados, mas até os presentes e futuros, na medida em que assumam as virtudes que caracterizam, no entendimento do poeta, o povo português e que ele sintetiza, na dedicatória a D. Sebastião, desta forma:
amor da pátria, não movido
De prémio vil, mas alto e quase eterno
O fato de o seu heroi ser coletivo e a sua ação se estender por um intervalo de tempo muito vasto permite-lhe desdobrá-lo em subgrupos, conforme verificaremos a seguir. O plural utilizado para designar cada um deles confirma o caráter coletivo do heroi: “barões assinalados”, “Reis”, “aqueles”.
A inversão da ordem sintática nessa primeira frase, que engloba as duas estâncias iniciais, pode tornar difícil, à primeira leitura, a compreensão do texto. A ordem normal seria esta: Cantando, espalharei por toda a parte as armas e os barões...
Pode esquematizar-se o conteúdo dessas duas estrofes da seguinte maneira:
Através da poesia,
se tiver talento para isso,
tornarei conhecidos em todo o mundo
os homens ilustres
que fundaram o império português do Oriente
os reis, de D. João I a D. Manuel,
que expandiram a fé cristã e o império português
todos os portugueses
dignos de admiração pelos seus feitos.
Pelo esquema, vemos que Camões apresenta três grupos de agentes (“agentes” e não herois, porque heroi é “ o peito ilustre lusitano “).
O primeiro é constituído pelos “ barões assinalados “, responsáveis pela criação do império português na Ásia. É evidente que o poeta destaca principalmente a atividade marítima, a gesta dos descobrimentos (“ Por mares nunca dantes navegados,/ Passaram ainda além da Taprobana “).
O segundo grupo inclui os reis que contribuíram diretamente para a expansão do cristianismo e do império português (“ foram dilatando / A Fé o Império “). Aqui é sobretudo o esforço militar que se evidencia (“andaram devastando”).
No terceiro grupo incluem-se todos os demais, todos os que se tornem dignos de admiração pelos seus feitos, quaisquer que eles sejam.
A enumeração é apresentada em gradação descendente: em primeiro lugar, os envolvidos na expansão marítima; depois, os reis envolvidos na expansão militar; finalmente, todos os outros. Essa valorização relativa é confirmada pelo espaço textual: oito versos, para o primeiro grupo; quatro, para o segundo; dois apenas, para o terceiro.
No entanto, este terceiro aparece como um grupo aberto: nele se incluem não apenas heróis passados, mas todos aqueles que se venham a evidenciar no futuro. Note-se que, para os dois primeiros grupos, o poeta utiliza o pretérito perfeito, enquanto aqui recorre ao presente perifrástico – “vão libertando” .
Ao contrário das idéias primitivas, aqui o herói é coletivo, o que o próprio título logo indica – Os Lusíadas . Por outro lado, na proposição, como vimos, a indicação dos heróis, além de ser desdobrada em grupos diferenciados, em cada um deles é utilizado o plural.
A proposição não é uma simples indicação dos seus heróis, mas obedece já a uma estratégia de engrandecimento dos portugueses. A expressão “por mares nunca dantes navegados” evidencia o caráter inédito das navegações portuguesas; observe-se o destaque dado à palavra “nunca”. A exaltação continua com a referência ao esforço desenvolvido, considerado sobre-humano (“ esforçados / Mais do que prometia a força humana “).
Na segunda parte, esse esforço de engrandecimento continua, desta vez através de um paralelo com os grandes heróis da Antiguidade. O confronto é estabelecido com marinheiros famosos (Ulisses e Eneias), eles próprios herois de suas idéias neoclássicas, e conquistadores ilustres (os imperadores Alexandre Magno e Trajano). A escolha de navegadores e guerreiros não é inocente, visto que é exatamente nessas duas áreas que os portugueses se destacam. E quase a concluir, uma nota final, na mesma linha: “ ... eu canto o peito ilustre lusitano, / A quem Neptuno e Marte obedeceram “. A submissão do deus do mar e do deus da guerra aos portugueses (“ o peito ilustre lusitano “) é uma forma concisa e muito expressiva de exaltar o valor do seu herói.
Análise da Invocação
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mi um novo engenho ardente,
Se sempre, em verso humilde, celebrado
Foi de mi vosso rio alegremente,
Daí-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Por que de vossas águas Febo ordene
Que não tenham enveja às de Hipocrene.
Daí-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda.
Daí-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no Universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.
...
Os Lusíadas (I, 4-5)
Invocar significa “chamar em seu socorro ou auxílio, particularmente o poder divino ou sobrenatural”. Na proposição, o poeta apresentou o assunto que vai tratar e, dado o caráter excepcional, a grandiosidade desse assunto, sente necessidade de pedir às entidades protetoras auxílio para a execução de tarefa tão grandiosa.
Naturalmente, Camões , sendo um poeta cristão, não acreditava nas entidades míticas de que lançou mão. Utilizou-as sempre como um simples recurso poético. Isto é, a Invocação, para Camões, é mais um processo de engrandecimento do seu herói. De fato, é a grandiosidade do assunto que se propôs tratar que exige um estilo e uma idéia superiores. Agora, precisa, não o “ verso humilde “, por ele tantas vezes utilizado, mas um “ um som alto e sublimado “. O caráter sublime do assunto justifica, portanto, a Invocação e é afirmado ao longo do texto, em mais do que uma expressão: “famosa gente vossa”, digna de apreço pelos seus méritos guerreiros (“ que a Marte tanto ajuda “) é como o poeta se refere ao seu herói. E termina, insinuando que esses feitos são tão espantosos que, possivelmente, nem com o auxílio das Tágides poderão ser transpostos, com a devida dignidade, para a poesia (“ Que se espalhe e se cante no Universo, / Se tão sublime preço cabe em verso .”).
Desde já, registre-se que o nosso poeta não se limitou a invocar as ninfas ou musas conhecidas dos antigos gregos e romanos. Embora as “Tágides” não sejam criação sua, adotou-as como forma de sublinhar o caráter nacional do seu poema. Independentemente do interesse universal que possam ter, todos os feitos cantados, todos os agentes, são portugueses. Isso tinha já ficado claro na Proposição, mas reforça-se essa déia na Invocação. E, pela fórmula utilizada (“Tágides minhas”), identifica-se pessoalmente com esse nacionalismo, estabelecendo, através do possessivo, uma espécie de relação afetiva com as ninfas do Tejo. A força expressiva do possessivo é reforçada pela inversão e sua colocação em posição forte (coincidindo com a 6ª sílaba).
Tratando-se de um pedido, a Invocação assume a forma de discurso persuasivo, onde predomina a função apelativa da linguagem e as marcas características desse tipo de discurso – o vocativo e os verbos no modo imperativo – determinam a estrutura do texto:
E vós, Tágides minhas, (...)
Daí-me (...)
Daí-me (...)
Daí-me (...)
E este esquema revela imediatamente um dos recursos estilísticos utilizados pelo poeta: a repetição anafórica, que identifica claramente o pedido e evidencia o seu caráter reiterativo.
Por outro lado, este tipo de discurso é sempre acompanhado de argumentos, implícitos ou explícitos, de forma a mais facilmente persuadir o receptor. O primeiro deles antecede o próprio pedido (“pois criado / Tendes em mi um novo engenho ardente”) e a sua força é evidente: já que as ninfas lhe concederam essa nova inspiração, o desejo de cantar os feitos dos portugueses, então devem igualmente dar-lhe o estilo, a ideia e evidência necessários. Este primeiro argumento tem como fundamento a obrigação moral: quem cria a necessidade, deve fornecer os meios.
E logo após a primeira formulação do pedido, surge o segundo argumento: “Por que de vossas águas Febo ordene / Que não tenham enveja às de Hipocrene.” Agora, o fundamento psicológico é outro: o poeta procura despertar o sentimento de emulação nas Tágides, sugerindo que, ao atender o seu pedido, as águas do Tejo poderão igualar ou até suplantar a fama da fonte de Hipocrene, como inspiradoras de grandes poetas.
O terceiro argumento encerra o pedido: “Que se espalhe e se cante no Universo”. Para que os feitos dos portugueses possam ser admirados no mundo inteiro, é necessário que as ninfas atendam o seu pedido. Neste caso, recorre a uma argumentação finalística: pressupõe-se que esses feitos são dignos de serem apreciados, mas para o serem é necessário um estilo extremamente elevado. Aliás, o último verso sugere a ideia de que os feitos dos portugueses são tão grandiosos que dificilmente poderão ser traduzidos em verso de forma adequada. Como se vê, a estratégia de engrandecimento do povo português, iniciada na Proposição, é retomada aqui, quase nos mesmos termos. Comparem-se estes dois últimos versos com aqueles com que encerra a primeira parte da Proposição:
Cantando, espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Que se espalhe e se cante no Universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.
Já vimos que o poeta pede às Tágides o estilo elevado que a epopeia e a grandiosidade do assunto requerem; o “som alto e sublimado”, exigido pelo " novo engenho ardente " que as ninfas colocaram nele. Como poeta experiente que é, sabe que a tarefa a que agora se propôs exige um estilo e uma linguagem de grau superior, por isso estabelece ao longo destas duas estâncias um confronto entre a poesia lírica, há muito por ele cultivada, e a poesia épica, a que agora se abalança.
POESIA LÍRICA
verso humilde
agreste avena
frauta ruda
POESIA ÉPICA
novo engenho ardente
som alto e sublimado
estilo grandíloquo e corrente
fúria grande e sonorosa
tuba canora e belicosa
Esse confronto serve-lhe para marcar a superioridade relativa da poesia épica sobre a lírica, o que uma análise medianamente atenta comprova facilmente.
Nota-se, desde logo, a maior quantidade de expressões dedicadas à poesia épica. Igualmente significativa é a abundância da adjetivação e, mais ainda, o recurso à dupla adjetivação. Por outro lado, o valor semântico desses adjetivos merece também alguma atenção: alguns afirmam o caráter elevado dessa poesia e do estilo correspondente (alto, sublimado, grandíloquo, grande); outros, a musicalidade e sonoridade que os deve distinguir (corrente, sonorosa, canora); alguns, ainda, sugerem a exaltação típica dos feitos épicos (ardente belicosa).
O efeito dessas expressões é, de certo modo, ampliado pelo recurso ao paralelismo sintático ( substantivo + adjetivo + adjetivo ), que conduz à imediata associação dessas expressões.
Até os instrumentos musicais associados a cada um dos tipos de poesia são significativos: à simplicidade da flauta, que associa à lírica, contrapõe a sonoridade guerreira da tuba, própria da epopeia.
E ao referir-se à " tuba canora e belicosa ", acrescenta: " que o peito acende e a cor ao gesto muda ". Com esse verso pretende transmitir a ideia de que o estilo épico exerce sobre o leitor um intenso efeito emotivo, semelhante à exaltação sentida pelos próprios heróis que vai cantar. Note-se o recurso à metáfora "o peito acende", que sugere uma espécie de fogo interior avassalador, reforçada pela inversão (colocação do complemento direto antes do verbo).
Mas um velho, de aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
Cum saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
"-Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade, a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
Cúa aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles exprimentas!
Dura inquietação d' alma e da vida,
Fonte de desemparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo dina de infames vitupérios!
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana.
A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?
Mas, ó tu, gèração daquele insano
Cujo pecado e desobediência
Não somente do Reino soberano
Te pôs neste desterro e triste ausência,
Mas inda doutro estado, mais que humano,
Da quieta e da simpres inocência,
Idade de ouro , tanto te privou,
Que na de ferro e de armas te deitou:
Já que nesta gostosa vaïdade
Tanto enlevas a leve fantasia,
Já que à bruta crueza e feridade
Puseste nome "esforço e valentia",
Já que prezas em tanta quantidade
O desprezo da vida, que devia
De ser sempre estimada, pois que já
Temeu tanto perdê-la Quem a dá :
Não tens junto contigo o Ismaelita,
Com quem sempre terás guerras sobejas?
Não segue ele do Arábio a Lei maldita,
Se tu pola de Cristo só pelejas?
Não tem cidades mil, terra infinita,
Se terras e riquezas mais desejas?
Não é ele por armas esforçado,
Se queres por vitórias ser louvado?
Deixas criar às portas o inimigo,
Por ires buscar outro de tão longe,
Por quem se despovoe o Reino antigo,
Se enfraqueça e se vá deitando a longe!
Buscas o incerto e incógnito perigo
Por que a Fama te exalte e te lisonje
Chamando-te senhor, com larga cópia,
Da Índia, Pérsia, Arábia e de Etiópia!
Oh! Maldito o primeiro que, no mundo,
Nas ondas vela pôs em seco lenho!
Dino da eterna pena do Profundo,
Se é justa a justa Lei que sigo e tenho!
Nunca juízo algum, alto e profundo,
Nem cítara sonora ou vivo engenho,
Te dê por isso fama nem memória,
Mas contigo se acabe o nome e glória!
Trouxe o filho de Jápeto do Céu
O fogo que ajuntou ao peito humano,
Fogo que o mundo em armas acendeu,
Em mortes, em desonras (grande engano!).
Quanto milhor nos fora, Prometeu,
E quanto pera o mundo menos dano,
Que a tua estátua ilustre não tivera
Fogo de altos desejos que a movera!
Não cometera o moço miserando
O carro alto do pai, nem o ar vazio
O grande arquitector co filho , dando,
Um, nome ao mar , e o outro, fama ao rio.
Nenhum cometimento alto e nefando
Por fogo, ferro, água, calma e frio,
Deixa intentado a humana gèração.
Mísera sorte! Estranha condição!"
...
Os Lusíadas (IV, 94-104)
Este episódio insere-se na narrativa feita por Vasco da Gama ao rei de Melinde. No momento em que a armada do Gama está prestes a largar de Lisboa para a grande viagem, uma figura destaca-se da multidão e levanta a voz, para condenar a expedição.
O texto é constituído por duas partes: a apresentação da personagem feita pelo narrador (est. 94) e o discurso do Velho do Restelo (est. 95 a 104).
A caracterização destaca a idade ("velho"), o aspecto respeitável (" aspeito venerando "), a atitude de descontentamento (" meneando / Três vezes a cabeça, descontente "), a voz solene e audível (" A voz pesada um pouco alevantando "), e a sabedoria resultante da experiência de vida (" Cum saber só de experiências feito"; "experto peito ").
Não foi certamente por acaso que Camões optou por esta figura e não outra. A figura do Velho do Restelo ressuma uma autoridade, uma respeitabilidade, que lhe permitem falar e ser ouvido sem contestação. As suas palavras têm o peso da idade e da experiência que daí resulta. E a autoridade provém exatamente dessa vivida e longa experiência.
No seu discurso é possível identificar três partes.
Na primeira (est. 95-97), condena o envolvimento do país na aventura dos descobrimentos, a que se refere de forma claramente negativa ("vã cobiça", "vaidade", "fraudulento gosto", "dina de infames vitupérios"). Denuncia de forma inequívoca o caráter ilusório das justificações de caráter heróico que eram apresentadas para esse empreendimento ("Fama", "honra", "Chamam-te ilustre, chamam-te subida", "Chamam-te Fama e Glória soberana"), sendo certo que tudo isso são apenas "nomes com quem se o povo néscio engana". E apresenta um rol extenso de consequências negativas dessa aventura: mortes, perigos tormentas, crueldades, desamparo das famílias, adultérios, empobrecimento material e destruição.
Esta primeira parte é introduzida por uma série de apóstrofes ("Ó glória de mandar", "ó vã cobiça". "Ó fraudulento gosto"), com as quais revela que o que ele condena é de fato a ambição desmedida do ser humano, neste caso materializada na expansão ultramarina. O sentimento de exaltada indignação manifesta-se, sobretudo, pela utilização insistente de exclamações e interrogações retóricas.
A segunda parte abrande as estrofes 98 a 101. É introduzida por uma nova apóstrofe, desta vez dirigida, não a um sentimento, mas aos próprios seres humanos ("ó tu, gèração daquele insano"). Se na primeira parte manifestou a sua oposição às aventuras insensatas que lançam o ser humano na inquietação e no sofrimento, agora propõe uma alternativa menos má, sugerindo que a ambição seja canalizada para um objetivo mais próximo - o Norte de África.
A estância 99 é toda ela preenchida com orações subordinadas concessivas, anaforicamente introduzidas por "já que", antecedendo a sua proposta de forma reiterada e cobrindo todas as variantes dessa ambição: religiosa ("Se tu pola [Lei] de Cristo só pelejas?"), material ("Se terras e riquezas mais desejas?"), militar ("Se queres por vitórias ser louvado?"). E aproveita para apresentar novas consequências maléficas da expansão marítima: fortalecimento do inimigo tradicional ("Deixas criar às portas o inimigo"), despovoamento e enfraquecimento do reino. E mais uma vez recorre às interrogações retóricas como recurso estilístico dominante.
Vem depois a terceira parte (est. 102-104). O poeta recorda figuras míticas do passado, que, de certo modo, representam casos paradigmáticos de ambição, com consequências dramáticas. Começa por condenar o inventor da navegação à vela - "o primeiro que, no mundo, / Nas ondas vela pôs em seco lenho!". Faz depois referência a Prometeu, que, segundo a mitologia grega, teria criado a espécie humana, dando assim origem a todas as desgraças consequentes - "Fogo que o mundo em armas acendeu, / Em mortes, em desonras (grande engano!". Logo a seguir, narra os casos de Faetonte e Ícaro, que, pela sua ambição, foram punidos. E os quatro versos finais da fala do Velho do Restelo sintetizam bem esse desejo desmedido de ultrapassar os limites:
Nenhum cometimento alto e nefando
Por fogo, ferro, água, calma e frio,
Deixa intentado a humana gèração.
Mísera sorte! Estranha condição!
Simbologia do episódio do "Velho do Restelo"
Naturalmente, o "Velho do Restelo" não é uma personagem histórica, mas uma criação de Camões com um profundo significado simbólico.
Por um lado, representa aquela corrente de opinião que via com desagrado o envolvimento de Portugal nos Descobrimentos, considerando que a tentativa de criação de um império colonial no Oriente era demasiado custosa e de resultados duvidosos. Preferiam que a expansão do país se fizesse pela ampliação das conquistas militares no Norte de África.
Essa ideia era, sobretudo, defendida pela nobreza, que assim encontravam possibilidades de mostrarem o seu valor no combate com os mouros e, ao mesmo tempo, encontravam nele justificação para as benesses que a Coroa lhes concedia. A burguesia, por seu lado, inclinava-se mais para a expansão marítima, vendo aí maiores oportunidades de comércio frutuoso.
Por outro lado, se ignorarmos o contexto histórico em que o episódio é situado, podemos ver na figura do Velho o símbolo daqueles que, em nome do bom senso, recusam as aventuras incertas, defendendo que é preferível a tranquilidade duma vida mediana à promessa de riquezas que, geralmente, se traduzem em desgraças. Encontramos aqui um eco de uma ideia cara aos humanistas: a nostalgia da idade de ouro, tempo de paz e tranquilidade, de que o homem se viu afastado e a que pode voltar, reduzindo as suas ambições a uma sábia mediania ("aurea mediocritas", na expressão dos latinos), já que foi a desmedida ambição que lançou o ser humano na idade de ferro, em que agora vive (cf. est. 98). Neste sentido o episódio pode ser entendido como a manifestação do espírito humanista, favorável à paz e tranquilidade, contrário ao espírito guerreiro da Idade Média.
Assim, o episódio do "Velho do Restelo" está de certo modo em contradição com aquilo mesmo que Os Lusíadas , no seu conjunto, procuram exaltar - o esforço guerreiro e expansionista dos portugueses. Essa contradição é real e traduz, de forma talvez inconsciente, as contradições da sociedade portuguesa da época e do próprio poeta. De fato, Camões soube interpretar, melhor que ninguém, o sentimento de orgulho nacional resultante da consciência de que durante algum tempo Portugal foi capaz de se destacar das demais nações europeias. Mas Camões era também um homem de sólida formação cultural, atento aos valores estéticos do classicismo literário e imbuído de ideais humanistas. Se, ao cantar os feitos dos portugueses, ele dá voz a esse orgulho nacional, que sentia também como seu, na fala do "Velho do Restelo" e em outras intervenções disseminadas ao longo do poema, exprime as suas ideias de humanista.
"O Velho do Restelo" e o " Auto da Índia "
Enquanto expressão de uma atitude de oposição à expansão marítima para oriente, podemos relacionar a fala do "Velho do Restelo" às críticas expressas, dezenas de anos antes, por Gil Vicente , no " Auto da Índia ". Nos dois casos encontramos a mesma visão anti-heróica, anti-épica, da expansão; a mesma perspectiva pragmática de quem não corre atrás de ilusões; o mesmo desejo de paz e tranquilidade; o mesmo receio do desconhecido.
Aquilo que Gil Vicente condena em tom satírico, di-lo também o "Velho do Restelo" num tom sério e austero. A crítica fundamental do “Auto da Índia " incide sobre o desamparo das famílias, o adultério das mulheres, provocados pela ida dos homens para a Índia, em busca de um enriquecimento fácil e, quase sempre, ilusório. E as palavras do "Velho do Restelo" parecem um eco desse auto - "Fonte de desamparos e adultérios".
Simbologia da "Ilha dos Amores"
Terminada a viagem do Gama e antes de regressarem a Portugal, o poeta dirige os nautas para a Ilha dos Amores, onde, por ação de Vênus e Cupido, receberão o premio do seu esforço.
Trata-se de uma ilha paradisíaca, de uma beleza deslumbrante. A descrição do consórcio entre os portugueses e as ninfas está repassada de sensualidade. Os prazeres que lhes são oferecidos são o justo premio por terem perseguido o seu objetivo sem hesitações.
Todo o episódio tem um caráter simbólico.
Em primeiro lugar, serve para desmitificar o recurso à mitologia pagã, apresentada aqui como simples ficção, útil para "fazer versos deleitosos".
Em segundo lugar, representa a glorificação do povo português, a quem é reconhecido um estatuto de excepcionalidade. Pelo seu esforço continuado, pela sua persistência, pela sua fidelidade à tarefa de expansão da fé cristã, os portugueses como que se divinizam. Tornam-se assim dignos de ombrear com os deuses, adquirindo um estatuto de imortalidade que é afinal o premio máximo a que pode aspirar o ser humano.
De certo modo, podemos dizer que é o amor que conduz os portugueses à imortalidade. Não o amor no sentido vulgar da palavra, mas o amor num sentido mais amplo: o amor desinteressado, o amor da pátria, o amor ao dever, o empenhamento total nas tarefas coletivas, a capacidade de suportar todas as dificuldades, todos os sacrifícios. É esse amor que manifestam Gama e os seus homens; é ele que permite a tantos libertar-se da "lei da morte". É também esse amor que conduz Camões a "espalhar" os feitos dos seus compatriotas por toda a parte e tornar-se, também ele, imortal.
É esse amor, comum a si próprio e aos seus heróis, que o leva a dizer, na Dedicatória a D. Sebastião:
Vereis amor da pátria, não movido
De prémio vil, mas alto e quase eterno;
Que não é prémio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno.
O mesmo amor que leva Vasco da Gama a dizer, logo no início da narração que faz ao rei de Melinde:
Esta é a ditosa pátria minha amada,
À qual se o Céu me dá, que eu sem perigo
Torne, com esta empresa já acabada,
Acabe-se esta luz ali comigo.
Notável este último verso! Tenho questões mal resolvidas com Camões! Porém, só o tempo nos dirá!
Bibliografia pesquisada
• António Salgado Júnior, Os Lusíadas e a viagem do Gama. O tratamento mitológico de uma realidade histórica. Porto, 1939;
• B. Xavier Coutinho, Camões e as artes plásticas. Porto, 1946-1948;
• J. Vieira de Almeida, Le théâtre de Camões dans l'histoire du théâtre portugais. Lisboa, 1950;
• H. Cidade, L. de Camões. Os Autos e o teatro do seu tempo. As cartas e o seu conteúdo biográfico. Lisboa, 1956;
• Jorge de Sena, Uma canção de Camões. Lisboa, 1966; id., Os sonetos de Camões e o soneto quinhentista peninsular. Lisboa, 1969;
• Georges le Gentil, Camões. Lisboa, 1969;
• Roger Bismut, La Lyrique de Camões. Paris, 1970;
• Vítor M. de Aguiar e Silva, Maneirismo e Barroco na poesia lírica portuguesa. Coimbra, 1971;
• M.ª Isabel F. da Cruz, Novos subsídios para uma ed. crítica da Lírica de Camões. Porto, 1971;
• Visages de L. de Camões. Paris, 1972;
• António José Saraiva, Camões. Lisboa, 1972;
• XLVIII Curso de Férias da Faculdade de Letras de Coimbra. Ciclo de lições comemorativas do IV Cent. da publ. de "Os Lusíadas". Coimbra, 1972;
• Luciano Pereira da Silva, A Astronomia de "Os Lusíadas". Lisboa, 1972;
• Ocidente (n.º especial). Nov. 1972;
• Garcia de Orta (n.º especial). Lisboa, 1972;
• Cleonice Berardinelli, Estudos Camonianos. R. de Janeiro, 1973; Estudos Camonianos. R. de Janeiro, 1974;
• João Mendes, Lit. Portuguesa I. Lisboa, 1974;
• E. Asensio, Sobre El Rey Seleuco de Camões, em Estúdios Portugueses. Paris, 1974;
• Roger Bismut, Les Lusiades de Camões, confession d'un poète. Paris, 1974;
• Vítor M. de Aguiar e Silva, Notas ao cânone da Lírica camoniana. Coimbra, 1968 e 1975;
• Gilberto Mendonça Teles, Camões e a poesia brasileira. R. de Janeiro,1979;
• José Maria Rodrigues, Fontes dos Lusíadas. Lisboa, 1979;
• Quaderni Portoghesi, 6. Pisa, 1979;
• Studi Camoniani. L'Aquila, 1980;
• Homenaje a Camoens. Estúdios y ensayos hispano-portugueses. Granada, 1980;
• Brotéria, vols. 110 e 111;
• Luís F. Rebelo, Variações sobre o teatro de Camões. Lisboa, 1980;
• A. Costa Ramalho, Estudos Camonianos. 2Lisboa, 1980;
• A. Pinto de Castro (et al.), Quatro orações camonianas. Lisboa, 1980;
• Eduardo Lourenço, Poesia e Metafísica. Lisboa, 1980;
• Hélder de Macedo, Camões e a viagem iniciática. Lisboa, 1980;
• Jorge de Sena, A estrutura de "Os Lusíadas" e outros estudos camonianos e de poesia peninsular do século XVI. Lisboa, 1980; id.,30 Anos de Camões. Lisboa, 1980;
• Cleonice Berardinelli, Os sonetos de Camões. Paris, 1980;
• Jorge Borges de Macedo, "Os Lusíadas e a História. Lisboa, 1980;
• J. G. Herculano de Carvalho, Contribuição de "Os Lusíadas" para a renovação da língua portuguesa. Coimbra, 1980;
• Vasco Graça Moura, L. de Camões: alguns desafios. Lisboa, 1980;
• José Hermano Saraiva, Vida Ignorada de Camões. Lisboa, 1980.
• W. Storck, Vida e obras de L. de Camões. Lisboa, 1980;
• Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, 1980-1981;
• M.ª Vitalina Leal de Matos, Introdução à poesia de L. de Camões. Lisboa, 1980; id., O canto na poesia épica e lírica de Camões. Paris, 1981;
• M.ª Clara Pereira da Costa, O enquadramento social da Família de Camões na Lisboa do século XVI. Lisboa, 1981;
• José Pedro Machado, Notas Camonianas. Lisboa, 1981;
• J. Filgueira Valverde, Camões. Coimbra, 1981; Cuatro lecciones sobre Camoens. Madrid, 1981;
• A. Pinto de Castro, Camões, poeta pelo mundo em pedaços repartido. Lisboa, 1981;
• A Viagem de "Os Lusíadas": símbolo e mito. Lisboa, 1981;
• E. Asensio e J. V. de Pina Martins, L. de Camões. El Humanismo en su obra poética. Los Lusíadas y las Rimas en la poesía española. Paris, 1982;
• M.ª Lucília G. Pires, A crítica camoniana no século XVII. Lisboa, 1982;
• J. de Sena, Estudos sobre o vocabulário de "Os Lusíadas". Lisboa, 1982;
• Jacinto do Prado Coelho, Camões e Pessoa, poetas da utopia. Lisboa, 1983;
• H. Cidade, L. de Camões. I. O Lírico. Lisboa, 1985; id., L. de Camões. II. O Épico. Lisboa, 1985;
• Camoniana Californiana. St.ª Bárbara, 1985;
• Vasco Graça Moura, Camões e a divina proporção. Lisboa, 1985; id., Os penhascos e a serpente. Lisboa, 1987;
• Fidelino de Figueiredo, A épica portuguesa do século XVI. Lisboa, 1987;
• Martim de Albuquerque, A expressão do Poder em L. de Camões. Lisboa, 1988;
• J. A. Cardoso Bernardes, O Bucolismo português. Coimbra, 1988;
• M.ª Helena Ribeiro da Cunha, A dialéctica do desejo na Lírica de Camões. Lisboa, 1989;
• A. Costa Ramalho, Camões no seu e no nosso tempo. Coimbra, 1992;
• Actas das Reuniões Internacionais de Camonistas: I (Lisboa, 1973); III (Coimbra, 1987); IV (Ponta Delgada, 1984) e V (S. Paulo, 1992);
• Revista Camoniana (S. Paulo, 10 vols publ. desde 1964).
• Grande enciclopédia do conhecimento
• Diccionario bibliographico portuguez, estudos de Innocencio Francisco da Silva, applicaveis a Portugal e ao Brasil. Lisboa, 1860. Reimpressão : Imprensa nacional - Casa da moeda 1998
Sugestões para
granzoto@globo.com
Maria Granzoto da Silva - ArtCulturalBrasil
realização
artculturalbrasil@gmail.com
Voltar para poetas brasileiros
Parabéns ao ArtCulturalBrasil pela criação desta nova seção Brasil-Portugal e à Maria por suas brilhantes aulas literárias!
ResponderExcluirMeu carinho,
Marise Ribeiro
Agradecemos à Marise Ribeiro, poetisa e grande divulgadora da Literatura, a exemplo deste blog e seus dirigentes. Nosso objetivo em divulgar a cultura vem sendo alcançado, haja vista a honra que nos dão os ilustres visitantes, ao registrarem suas opiniões! Maria Granzoto.
ResponderExcluir